Eu aponto minhas armas,
desarmado, ante a vida,
sem caminho, passagem ou saída
acabo preso, nesta guerra.
Um homem atira em mim palavras
e nem são rimadas, me cospe
eu tento não chorar,
A tortura me cala.
Eu já não sinto o calor dos sentimentos.
Agora eu sangro, incansavelmente
tento estancar o ferimento
do órfão, da viúva, mas lamento
mesmo o meu, ainda dói.
E me destrói, saber que a vida
não possa recarregar
e que o azar, de ter nascido brasileiro
ou estrangeiro, ou aborígene
não me dá o direito de matar.
Ninguém me ouve nesse rádio.
"Câmbio, câmbio, alguém na escuta?"
Todos foram destroçados, esmagados
nessa incoerente luta de inocentes
infantes, soldados.
Sorri ao longe uma criança
prestes a morrer,não sei se vê a Deus no paraíso
ou se o seu sorriso
é por libertar-se de viver,
sob constantes ameaças,
bombas, espadas, cirurgias,
guerra, pó e sangue...
Eu já não sinto minhas pernas.
Estanque a minha dor balista
lançe sobre mim a sua seta
e me enterre neste campo de batalha.
No final, soldados, sós, são artistas.
Lucas Matos
sábado, 28 de fevereiro de 2009
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Um comentário:
Final perfeito. Poesia muito boa... não gosto desses comentários mas também não iria deixar um poema desse passar por você sem uma sinalização minha.
Abraços,
Fabrício
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