terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Quando Acaba

O copo tem um fundo
Os dias têm um fim
Só não tem o infindo mundo
Que criei dentro de mim.
Que quando cai minh’alma
Machucada, feito a última gota
Esgotando minhas forças
Como se nunca terminasse...

A vida tem um fim
E até a chuva, assim, como tempestade,
Acaba, e surge um belo Sol de domingo.

Até a dor acaba,
E, no outro dia, a enxaqueca,
Há até quem esqueça das palavras
Ditas, gritadas. Até isso tem um fim.

As brigas uma hora cessam,
E dão lugar aos beijos,
Mas, também eles se desligam
Dos lábios. E finalizam com um abraço.

Mas quando acaba o amor
Nós não queremos aceitar (suportar)
Tamanha loucura.
Quando o amor acaba, ou parece,
queremos o ressucitar dos mortos
e, nossos corpos têm a sensação de flutuar.

Ainda você pode, recomeçar.

Lucas Matos

sábado, 27 de dezembro de 2008

Quando Não Tem Jeito

Cai,
Uma folha rebola no ar
O vento açoita,
A arvore balança afoita
Até parar.

Não pode a folha voltar atrás
Nem uma palavra dita
Nem um dia que passou
Nem mesmo a dor.

Não há como voltar no passado
Nem como escrever outra vez
O que já foi escrito,
Nem como suportar outro fardo
A não ser a vida.

Não se pode voltar uma bala
Nem os segundos passados
Nem calar a voz de quem fala
Nem eu posso esquecer meu amor.

Lucas Matos

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Por Sobre a Estrada

Eu ando,
mas como todo andarilho,
encontro algumas pedras
brinco com o seu formato
acho engraçado, tropeço,
trôpego pego no chão,
arfante, caio, como poeira
a calça desbotada rasga.

Passa um caminhão por cima
do meu chapéu,
penso ter alcançado o céu,
a estrada continua.

ininterruptamente as horas passam
espero algum socorro, é deserto
espero o Sol secar-me
em curtume, de costume me entrego:
morri.

Vejo cactos ao longee os seus espinhos me acordam
de um sono eterno:
é tempo de voltar a colher.

Renascer.

Ouço uma voz longe em meus pensamentos
tento não me comover, o fim da estrada é longe
e me constrange,
a obedecer.

Reviver.

De novo a voz me orienta,
tonto (como todo andarilho perdido
que enfrenta o dilema da alma)
Resisti, e quando fui chegando ao fim
olhei para a estrada:
quantos corpos prostrados na madrugada
quantas vidas frustradas,
e eu consegui.

Debrucei-me no leito de um rio
e chorei, lágrimas eternas.
A voz vinha da caverna, dentro de mim.

Todo o tempo não estive sozinho
havia braços que me moviam na estrada
e até me carregavam, e eu, blasfemei.
Eu errei, mas fui perdoado,
caminhei e venci.

Transpassei o abismo em mim.

Lucas Matos

Depois das Brigas

Um meio sorriso em esboço
um olhar penetrante, em gozo
um abraço, um beijo. Perdão.

Enfim, o dia vence a noite
em açoites, a chuva novamente cai
em meus telhados, que eram de vidro.

Uma nova esperança surge
e, antes que tudo mude, resolvemos selar, e,
para sempre, amar.

Um anel habita o dedo
saudoso de simbolizar a união,
que até então, nunca fora abalada.

Palavras são trocadas,
linguas entrelaçam paixão
novas carícias, cortejos,
depois de mais uma dança.

Esqucemos até as feridas
nos cingimos de amor
e a dor, lastimável,
se vai, como no final
de uma vida.

Romances novamente lidos
(saudade) na parede do quarto,
e a cama, testemunha antiga,
denuncia o amor outra vez.

Talvez um café de manhã
um jantar á luz da paixão
um cinema, um shopping até
ou se quiser, um divã
para afogar sentimentos.

Nada mais é tão triste (poesia)
já não há nem mais nostalgia
só perdão.

Uma palavra (rimada) já basta
um beijo de amor,
ou até mesmo uma flor.

E então,
explosão de sentimentos.

Lucas Matos

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Brigas

É o fim!
Se quiser nem me liga!
Tenho tanto a dizer que me calo
só para não mais magoar-te.

Já tentei de tudo.
Até quiz te entender,
mas você nem disse o porquê,
foi embora!

Vi meu mundo cair naquele momento
você quiz dá um tempo
e eu nem mais um minuto.
Fiquei mudo. Chorei.

Já que não mais me quer
se quiser, leva a minha bagagem
e, na viagem, esquece-me lá
aí você pode partir.

Sem mim, talvez seja melhor:
sem os meus beijos longos,
sem minhas cartas de amor.
Mas quando for, rasga de vez o meu peito.

Pelo jeito, já não quer mais me amar
então vá, embora eu queira que fique,
não hesite mais, vai em paz,
amassa o meu coração.

Se não dá mais certo, adeus.
Melhor acabar por agora,
me desculpe se eu chorar,
não é hora, deixa eu me recompor.

Mas me dá só um beijo, um abraço,
e confirma que é isto que quer
se é o fim, seja como quiser,
eu não quero prender-te em meus braços.

Então acabou, paciência,
melhor inventar outra vida
amar outra vez,
ainda que eu queira morrer sem você.

Me perdoa querida,
dói meu peito em qualquer partida
mas esta, me deixou em pedaços!

Lucas Matos

sábado, 13 de dezembro de 2008

Profissão de Papel

Eu escrevi muitos lamentos
já desdenhei do passado,
no futuro eu não via sentido
nem nessas páginas em branco.

Chovia invernos na cidade
as nuvens, pesadas, caiam
enquanto eu tecia, em silêncio,
palavras.

Foi um tempo difícil,
o meu sangue virou prata
liquefeito, derreti o meu peito
em lágrimas, em lágrimas.

Eu até tentei parar
mas, como todo escritor fatalista,
achava que era cedo demais.
Sou artista.

Continuei escrevendo.
Muita dor, foi crescendo
dentro de mim,
A saudade.

Em algum dia, acabaria
pelo menos os meus pensamentos
esquceria todos os momentos,
mas com medo, tornaria a escrever.

Medo de quê?
Dos meus versos inacabados
dos meus sonetos perdidos
dos meus próprios atos.

Eu escrevi essa vida bem curta
Revivi meus sentimentos, em busca
da felicidade.
Encontrei! Ah, Encontrei!
Que saudade!

Lucas Matos

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Dor e Pó

Meu peito?!
Ah! Esse lânguido esqualido e imperfeito!
Essa imensidão de dor e amargura!
Essa incoerente figura,
que bate e me espanca!!

Dessa infinita imperfeição?!
Desse machucado coração?
O que restou...?

Pó, de sentimentos!

Lucas Matos

(IM)POTÊNCIA

Não sou nenhum super-herói,
o que me destrói, são esses sentimentos.

Não sou nenhum vilão. No chão,
eu choro constrangido.

Não sou bandido.
Devolvo o que não pertence a mim,
e mesmo assim, sou preso a ti.

Não sou nenhum guerreiro,
no espelho, vejo marcas de tristeza.

Não sou nenhum poeta,
minha única meta, é te amar.

Não sou invencível,
se possível perco,
só para te ganhar.

Não sou um amador,
tenho experiência nata,
no amor.

Não sou sobrenatural,
se não faço o bem,
não faço mal.

Não tenho poder,
o meu prazer,
é ter você. Eternamente.

Lucas Matos

sábado, 29 de novembro de 2008

Não Faça Nada

Tenho chagas em minh'alma
sou feito tristeza e solidão,
caio como um infante imaturo.

De minhas feridas não recordo
perco todos os sentidos, perco-me,
percorro os sentimentos.

Não acho minha identidade
só, como pastagens,
dentro do meu coração.

Sou podridão num saco, morto,
ressucito meus gostos, tolos,
sem nenhum sabor.

Estou insatisfeito, do meu peito
efervesse ingratidão, paixão,
vaidade. Desejo.

Estou inerte neste leito
mas todo castigo mereço,
tenho todos os defeitos.
Sou imperfeito.

Lucas Matos

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Força Bruta

Joguei-me em alto mar,
de uma catapulta,
queria até morrer.

Mas foi por um segundo,
quando eu vi você
eu desisiti
e me afoguei em ti.

Abruptamente lancei-me em teus braços
tão aconchegantes, que me perdi em laços
mais extensos que o mar.

E de tanto navegar em ti
criei limo, eu fui o seu navio
e quando puxei a âncora,
eu me senti vazio. Coisa de pirata.

Tomei de ti um beijo
que me prendeu à vida,
e não encontrei saída:
só me restava te amar.

Lançado de uma catapulta
meu coração gostou e hoje exulta,
pois encontrou a porta e a saída.

Lucas Matos

Exígua

Tenho poucos segundos de vida.
minha alma,
esse acúmulo de dor,
resiste, mas como a flor
um dia deixará sua beleza.

Meu perfume não agrada mais
meus ciúmes são bobagens,
meu ser já não existe.

Pouco a pouco caio
em um quarto, de segundo nível,
pranteio, soluço, tenho pouco tempo
de vida.

Minha respiração acaba, sufocado
tento não gritar, e essa dor
que me parte, me sangra
como a todo homem amado.

Sou o oposto de mim agora
quase não me suporto, falho
não sou herói da vida,
desisto.

Mas há alguém que me consola
ainda que eu chore angustiado
perdido, frustrado,
há uma mão que acaricia.

E nesta esperança meu corpo,
cansado, encharcado de lágrimas
exulta, e esse pouco tempo
parece não ter fim,
é como se me invadisse a mim,
e encontrasse descanso.

Nestes poucos segundos de vida.

Lucas Matos

Para Não Falar da Beleza

Desses olhares que me lanças
me parte, e as minhas lembranças
são revividas.

Deste teus olhos, pequenos
contemplo a felicidade
tão bela, singela, virgindade
perdida em um sorriso.

Destes teus lábios, morenos
saíram palavras sinceras
tão lindas, infindas pétalas de batom.

Desta face, radiante
desse olhar penetrante
eu me esquivo,
para não falar da beleza.

Lucas Matos

Saudade

Como uma bolha, um calo
no peito, eu não sinto,
eu não penso direito
eu sofro, falho.

Quero de volta o passado
Mas esse tempo, trapaceiro,
se esvai, e vai depressa
nem me espera, apressado.

Sinto que não vou suportar.
Me corrói os olhares, os perdidos,
parte meu coração,
e ferido,
parto os deles também.

Há algo que nos une, eternamente
sinceramente... não posso voltar.
Sou de poucas palavras, não vou dermorar.
É apenas saudade, talvez passe,
eu não vou esperar.

Amanhã, noutra sala, sem terno
posso demonstrar ternura
cantar outros hinos eternos,
ensinar partituras, chorar.

Qualquer dia, eu volto, amigos
guarda isto no peito, consigo
já estou partindo, em pedaços.

Lucas Matos

Correspondências

Mando-me em carta
em um envelope tão bonito
selado, apaixonado te escrevo
começo uma prosa,
termino poesia.

Quando me lê, extasio-me
fantasio um prazer,
Quando sou eu,
nessa carta, quero ser você.

Mande para o meu coração
um sorriso, um abraço,
um beijo... faz um laço bonito.
E me guarda em sua agenda.

Depois rasga minha boca
com seus lábios,
e me diz se minhas palavras
não te conquistaram.

Mando-me, aceite meu amor.

Lucas Matos

Templo

Já fui em muitas catedrais
em todas me ajoelhei
sangrei de tanto chorar
griteu seu Nome,
mas só ouvi o silêncio.

Rezei um terço inteiro
e no quarto,
até um mantra recitei
no ato,
não senti nem arrepio.

Prostrei-me ante a Tua imagem
um pagem me benzeu
e eu,
não senti o Teu amor.

Jurei ser Teu, fiz celibato
tentei até manter contato,
mas estava longe demais
não ouvi.

Tentei tirar de mim a vida
e quando não tive mais saída
eu pensei: não vou parar.

Concertei minha vida, o Templo
me arrependi dos maus intentos
lembrei de todos os momentos
que Tu, Senhor, tentou mostrar
que eu não merecia te ver
ou encontrar, a almejada vida eterna
e senti Tua mão sempre terna, a me acalentar.

Voltei aos Teus braços abertos
e, bemde perto, comecei a chorar.
Tu, Senhor , estava sempre comigo
foi o meu único amigo,
que me ouviu, quando eu precisava calar;
que me acolheu, quando eu precisava chorar;
que me abraçou, quando eu precisava apanhar
O Senhor me escolheu, quando poderia recusar.

Por isso hoje, Deus meu
Toma este Templo, vem comigo morar.

E. S. & Lucas Matos