quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Por Sobre a Estrada

Eu ando,
mas como todo andarilho,
encontro algumas pedras
brinco com o seu formato
acho engraçado, tropeço,
trôpego pego no chão,
arfante, caio, como poeira
a calça desbotada rasga.

Passa um caminhão por cima
do meu chapéu,
penso ter alcançado o céu,
a estrada continua.

ininterruptamente as horas passam
espero algum socorro, é deserto
espero o Sol secar-me
em curtume, de costume me entrego:
morri.

Vejo cactos ao longee os seus espinhos me acordam
de um sono eterno:
é tempo de voltar a colher.

Renascer.

Ouço uma voz longe em meus pensamentos
tento não me comover, o fim da estrada é longe
e me constrange,
a obedecer.

Reviver.

De novo a voz me orienta,
tonto (como todo andarilho perdido
que enfrenta o dilema da alma)
Resisti, e quando fui chegando ao fim
olhei para a estrada:
quantos corpos prostrados na madrugada
quantas vidas frustradas,
e eu consegui.

Debrucei-me no leito de um rio
e chorei, lágrimas eternas.
A voz vinha da caverna, dentro de mim.

Todo o tempo não estive sozinho
havia braços que me moviam na estrada
e até me carregavam, e eu, blasfemei.
Eu errei, mas fui perdoado,
caminhei e venci.

Transpassei o abismo em mim.

Lucas Matos

3 comentários:

Fabrício de Queiroz disse...

... ou não encontrou o fim da estrada.


Abraços

Anônimo disse...

Gostei daqui!
Sempre descobrindo novos escritos,essa é a minha ambição!
Bjs!

Paula Barros disse...

Que o verdadeiro espírito de Natal esteja em nossos corações, hoje e sempre.
Desejo, paz, saúde, amor, serenidade, discernimento, harmonia....o resto corremos atrás.

Abraços fraternos



(precisaria ler o poema com calma, pretendo voltar.()